sexta-feira, 5 de julho de 2013

Como tudo aconteceu 3 - Contando pro Deivid



        Cheguei na casa da minha mãe e ela logo percebeu pois, viu q meu marido estava comigo. E antes dela perguntar já fui logo abraçando-a e contando. Caí em prantos e o João parecendo saber o que eu estava dizendo olhou pra mim e disse: o nenem mimiu (dormiu). Ele queria dizer: morreu! Já fazia alguns dias q ele dizia isso pra mim mas, não entendi o que ele queria dizer.
         Eu e meu marido fomos buscar o Deivid na escola. Lembrei dele pegando a bolsa de manhã e dizendo q eu não poderia pegar peso por causa do bebe na barriga. Fiquei pensando como seria difícil contar q não vimos o sexo, q não saberíamos se era menina a irmãzinha que ele tanto sonhou e principalmente q não estava mais viva. 
         Deivid deu um leve sorriso ao nos ver e, estranhou a presença do pai. No meio do morro da escola o pai voltou pra traz pois, lembrou q não havia pagado a rifa da festa junina da escola. Fui descendo devagar com o Deivid. Ele parou, me abraçou, acariciou a minha barriga e perguntou: E aí mamãe, deu pra ver o q é o bebe? Me deu um nó na garganta e entre gaguejo respondi: Não. Percebi q o pai dele se aproximava.
Ele é inteligente e acredito q achou q fosse outro menino e eu não quis contar pois, ele queria menina então, ele fez a mesma pergunta pro pai. 
O pai dele olhou pra mim e respondeu pra ele q, em casa conversaria com ele e encheu ele de perguntas sobre a escola, na tentativa de distrai-lo até chegar em casa.
       Em casa o pai sentou com ele no sofá e disse a verdade, sem rodeios, sem medir palavras: o bebe parou. Deivid abaixou a cabeça e levantou novamente já com uma lágrima escorrendo e disse afirmando e perguntando ao mesmo tempo: morreu?!!!! O pai disse: sim (já tbm deixando uma lágrima escorrer pelo rosto) e o Deivid só fez mais uma pergunta, a pergunta q eu tbm havia perguntando pra mim mesma: PORQUE? o pai engasgado e entre lágrimas disse: Papai do céu o chamou e agora ele é um anjo!


Deivid trocou o uniforme eu arrumei algumas roupas, alguns produtos de higiene. Deixamos ele na casa da minha mãe e fomos pro hospital.
 A  médica disse q deveria aguardar o corpo jogar pra fora, q isso poderia levar até um mês e esse era o prazo máximo q eles iriam esperar. Também disse q queria me ver todas as sextas feira mesmo q eu estivesse bem e sem nenhum sintomas. Saí chorando do consultório pois, o dia tinha sido muito difícil.
Receber a triste noticia, contar pro Deivid e saber q teria q ficar com o bebe morto na barriga até o corpo jogar pra fora (sabe lá Deus, quantos dias, semanas)... sabia q naquele dia a minha agonia, dor e tristeza pela perda, estava apenas começando.

Continua....

Um comentário:

  1. Ai amiga cheguei ate me emocionar com seu relato, mais fica bem amiga...
    Bjinhos em seu coração

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